Amigo do presidente, diretor de Comunicação da AL-MA ganha quase R$ 19 mil
Política

Amigo do presidente, diretor de Comunicação da AL-MA ganha quase R$ 19 mil

Carlos Alberto Ferreira está empregado no cargo desde fevereiro do ano passado. Ele já foi indiciado por formação de quadrilha

Com salário de quase R$ 19 mil, o diretor de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Maranhão, o empresário Carlos Alberto Ferreira da Silva, ganhou o cargo simplesmente por ser amigo de longas datas do presidente da Casa, deputado estadual Humberto Coutinho (PDT). A constatação é feita com base em ações do próprio diretor, que considera que somente jornalistas formados podem ter acesso às áreas restritas à imprensa e a documentos e informações públicas da AL-MA.

Natural da cidade de Caravelas, na Bahia, Carlos Alberto é um dos poucos diretores de Comunicação na história do Poder Legislativo maranhense que não tem formação na área, mas em Economia, o que depõe contra suas próprias ações. Uma nota para evitar que blogueiros continuem a investigar a existência de funcionários fantasmas na AL-MA, emitida recentemente por ele próprio, é um dos fatos que prova isso.

Questionado pelo ATUAL7 sobre o emprego, Alberto se defende, citando como exemplo a nomeação de sua antecessora, a ex-funcionária de Fernando Sarney, Dulce Brito. Ele afirma ainda que possui o maior pré-requisito para estar no cargo: a confiança do seu amigo. “O cargo de diretor de Comunicação não exige que seja exercido só por jornalistas, como não era jornalista a minha antecessora. (...) O maior pré-requisito para ser nomeado é ser da confiança do presidente”, desconversa.

Procurado, o presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão preferiu não responder a nenhum dos questionamentos feitos.

Salário gordo, mas trabalho magro

O amigo de Humberto Coutinho está nomeado no cargo desde fevereiro do ano passado, tendo já recebido quase R$ 300 mil. O valor, como já de conhecimento público, só se tornou conhecido por força do juiz Douglas de Melo Martins, que em atendimento a uma ação do Ministério Público do Maranhão ordenou que a AL-MA divulgasse a relação de nomes e salários de todos os deputados e servidores lotados na Casa.

Em tempos remotos, o diretor de Comunicação da Assembleia chegou a ter uma aproximação com o cargo que ora exerce na Casa, mas do outro lado do balcão. Após uma conturbada passagem em São Paulo, onde chegou a ser indiciado por formação de quadrilha, ele abriu uma famosa gráfica na capital, prestando serviços para diversos políticos. Já amigo de Coutinho, passou então a ocupar a direção da Difusora de Caxias, de propriedade de seu chefe. Segundo ele mesmo conta, foram essas passagens que o credenciaram a uma “larga experiência na área de Comunicação”. Contudo, uma rápida observação em seus um ano e cinco meses na Assembleia mostram o contrário.

O próprio site do Poder Legislativo atesta a falta de experiência de Carlos Alberto para o cargo.

Talvez em razão da falta de formação na área, que ele próprio tanto defende para outros mas diz não ser necessário para ele, é que o amigo do presidente da AL-MA, embora ganhe o super salário para comandar um super Complexo de rádio, TV, impressos e internet, que inclusive tem prédio próprio, produz pouco trabalho efetivo, resumindo-se em sua maioria à reprodução de trabalhos feitos por assessores dos parlamentares.

Do trabalho feito pela própria Comunicação, por exemplo, catalogado na categoria “especiais”, de oito produções veiculadas desde o ano passado, apenas uma se refere ao Parlamento, mas ainda assim apenas colocando-o como participante de uma ação promovida pelo Executivo estadual.

Outros trabalhos desenvolvidos por Carlos Alberto, já sob investigação do ATUAL7, são os milhares de milhares de impressos que ele mandou produzir com o dinheiro da Assembleia. As investigação foram iniciadas justamente por o diretor de Comunicação da AL-MA seguir à risca a principal marca da gestão de seu amigo e presidente da Casa: a falta de transparência. De bloquinhos de nota à livros, nenhum dos impressos informa, por exemplo, a quantidade e a gráfica em que as peças foram produzidas, levantando as suspeitas de que Alberto possa estar pagando de um lado e recebendo do outro.



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