Odebrecht
Lava Jato: Fachin arquiva inquérito da Odebrecht contra Lobão
Política

PGR diz não ter encontrado elementos necessários para oferecimento de denúncia. Ele era investigado pelo suposto recebimento de R$ 5,5 milhões em propina

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou, na última quarta-feira 20, um inquérito que tramitava na Corte contra o ex-senador Edison Lobão (MDB-MA).

Ele atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que diz não ter encontrado elemento suficiente para a continuidade da ação contra o emedebista.

Lobão era investigado pelo suposto recebimento de R$ 5,5 milhões em propina da Odebrecht para interferir nas obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira.

O inquérito havia sido aberto por Fachin em abril de 2017, com base nas delações do delator Henrique Valladares, ex-executivo da empreiteira. Na planilha do departamento de propinas da Odebrecht, Lobão seria o ‘Esquálido’.

No início deste mês, no entanto, a PGR pediu o arquivamento do caso por ausência de elementos necessários para se oferecer denúncia contra o ex-senador.

O ex-senador do MDB sempre negou as denúncias, afirmando que comprovaria que a falta de prova ou indício das acusações contra ele.

Dodge escolhe Nicolao Dino para força-tarefa da Lava Jato
Política

Ele é irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino, que chegou a ser investigado na operação por suposto recebimento de propina da Odebrecht

A chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR), Raquel Dodge, designou o subprocurador-Geral da República, Nicolao Dino de Castro e Costa Neto, para ocupar a vaga do Ministério Público Federal (MPF) destinada à força-tarefa da Operação Lava Jato, perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele assume a vaga da subprocuradora-Geral da República, Maria Hilda Marsiaj Pinto.

De acordo com o portal Migalhas, que deu a informação em primeira mão, a escolha de Dodge por Dino cai como uma bomba no meio jurídico, uma vez que ele era o candidato do ex-chefe da PGR, Rodrigo Janot, ao cargo.

Natural de São Luís, no Maranhão, Nicolao Dino é irmão do atual ocupante do Palácio dos Leões, Flávio Dino (PCdoB), que concorre à reeleição. Na nova função na PGR, o subprocurador-Geral da República atuará nos casos envolvendo desembargadores, integrantes de Tribunal de Contas e governadores investigados na Lava Jato.

Irmão já foi alvo

Em 2017, o irmão de Nicolao Dino, Flávio Dino, chegou a ser investigado na Lava Jato, por suposto recebido de propina de R$ 400 mil da Odebrecht, nas eleições de 2010 e 2014.

Contudo, ele acabou tendo o caso arquivado no STJ pelo ministro Felix Fisher, que concordou com o entendimento manifesto do PGR, de que havia dificuldades de buscar provas do efetivo pagamento da suposta vantagem indevida.

Na decisão, o ministro ressalvou que o caso poderá ser reaberto, caso sejam apresentadas novas provas – além das planilhas, registros de ligações e dos depoimentos que apontam Flávio Dino como o Cuba na planilha da Odebrecht – de participação do comunista no esquema criminoso.

Por meio das redes sociais e da defesa apresentada à PRG na época, feita pelo escritório Favetti e Toledo Sociedade de Advogados, o governador do Maranhão sempre negou que tenha recebido propina ou praticado qualquer ilícito.

Gil Cutrim e esposa são denunciados por enriquecimento ilícito
Política

Promotoria diz que parte do patrimônio do casal foi comprado pela Odebrecht

O ex-prefeito de São José de Ribamar, Gil Cutrim (PDT), e a esposa dele, a dentista Juliana Cutrim, foram acionados pelo Ministério Público do Maranhão, na última terça-feira 6, por ato de improbidade administrativa, por suspeita de enriquecimento ilícito.

Na ação, foi pedida liminarmente a indisponibilidade dos bens do casal e a quebra do sigilo bancário dela. O sigilo bancário e fiscal de Gil já foi quebrado.

De acordo com a promotora de justiça Elisabeth Albuquerque de Sousa Mendonça, no período de 2010 a 2015, o ex-prefeito de São José de Ribamar adquiriu bens com valores desproporcionais à sua renda, além de violar os princípios que regem a administração pública.

A informação foi constatada, em inquérito civil instaurado em 2015, pelo Ministério Público após obter dados do Sistema de Investigação de Movimentações Bancárias (Simba), por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). Os dados comprovam uma variação patrimonial incompatível entre os vencimentos recebidos como prefeito (R$ 17.194,00) e os bens declarados.

O enriquecimento ilícito de Gil Cutrim, no período de 2010 a 2015, corresponde a despesas com aquisição, construção e melhoramento de imóveis próprios, investimentos como títulos de capitalização. “O ex-prefeito teve, em cinco anos, o incremento patrimonial que um cidadão nordestino, com rendimento mensal semelhante ao seu, levaria 20 anos para realizar”, afirmou, na ACP, a promotora de justiça.

Segundo os dossiês integrados, cujo conteúdo tem 1.672 páginas, sobre a evolução patrimonial dos denunciados, há clara discrepância entre o patrimônio ostentado pelo ex-gestor e a renda auferida por seu cargo eletivo.

Em depoimento prestado na Promotoria de Justiça de São José de Ribamar, o ex-vereador Elias Rebelo Vieira Júnior afirmou que a Odebrecht (responsável pelo abastecimento d'água e saneamento no município) teria comprado o apartamento no Edifício Murano, em São Luís, onde o ex-prefeito reside, além de um carro BMW avaliado em R$ 400 mil.

O Poder Judiciário, em decisão de fevereiro deste ano, anulou todos os contratos firmados pelo Município de São José de Ribamar com a Odebrecht Ambiental Maranhão (BRK Ambiental Maranhão S.A), que era responsável pelo abastecimento de água e saneamento na cidade.

Transferência

A quebra do sigilo bancário e fiscal de Cutrim e do escritório de advocacia revelou diversas transferências para a conta de Juliana Cutrim. Ela é dentista e proprietária de uma empresa de recreação infantil e foi sócia-proprietária de uma franquia de clínica odontológica.

Diante disso, o Ministério Público pediu, na Ação Civil, a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Juliana Cutrim. Na avaliação do MPMA, a medida é necessária para esclarecer o destino do dinheiro, pois a ex-primeira-dama também teve aumento significativo do patrimônio, durante os anos de mandato do marido.

“A utilização de aplicações financeiras é largamente usada em crimes contra a ordem econômica e tributária, notadamente a lavagem de dinheiro e sonegação fiscal”, afirmou a titular da 1ª Promotoria de Justiça Cível.

Apelidos de políticos maranhenses na Odebrecht: quem é quem
Política

Bigode, Cuba e Esquálido são alguns dos codinomes encontrados nas planilhas da propina; veja a lista

A criatividade criminosa dos altos executivos da Odebrecht para criar apelidos a beneficiados de valores repassados pela empresa tinha um motivo prático.

Segundo Benedicto Barbosa Silva Júnior, um dos que comandava o “departamento da propina” da empreiteira, os apelidos eram usados para que os funcionários do “baixo clero” da área, responsáveis por fazer os repasses irregulares, não ficassem sabendo para quem ia o dinheiro.

As pessoas que tinham contato com as autoridades é quem escolhiam os codinomes — e ainda passavam uma senha para o recebimento do dinheiro sujo.

Como não havia um centralizador nas operações, há casos em que o mesmo beneficiado aparece com mais de um apelido, ou então, o mesmo apelido era usado para designar pessoas diferentes. Para cada repasse, uma nova senha também era criada.

A lista abaixo tomou como base os vídeos e documentos das delações premiadas de executivos da Odebrecht que tiveram o sigilo retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edison Fachin. Outros nomes citados em planilhas apreendidas pela Polícia Federal, como a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e o ex-deputado estadual Aderson Lago (SD), por ter processos arquivados ou, atualmente, não haver investigação contra elas no âmbito da Lava Jato, não estão incluídas na relação de codinomes desta reportagem.

Confira os apelidos dos políticos maranhenses e a quem se referem:

• Bigode e Grande Chefe – José Sarney (PMDB-AP), ex-senador
Cuba – Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão
Esquálido – Edison Lobão (PMDB-MA), senador

Sem apelidos

Os deputados federais José Reinaldo Tavares (PSB-MA) e João Castelo Ribeiro Gonçalves (PSDB-MA), este último já falecido, também estão entre os alvos de pedido de abertura de inquérito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo por suspeita de prática criminosa no mesmo esquema. Contudo, não há, até agora, qualquer indicação de que tenham recebido algum apelido da Odebrecht.

Todos os políticos do Maranhão citados por delatores ou nas planilhas da propina da empreiteira negam a participação, direta ou indiretamente, em qualquer tipo de ilícito. Especificamente em relação a Sarney, apesar das citações de seus possíveis codinomes em um dos Termos de Colaboração (TC) premiada da Lava Jato, o peemedebista não é investigado, especificamente, nesse processo.

Delator e Flávio Dino falaram 19 vezes ao telefone antes de doação em 2014
Política

Ao todo, houve pelo menos 22 contatos telefônicos. João de Carvalho Filho ligou com o governador minutos após ele ser declarado oficialmente como eleito

O ex-funcionário nos projetos de engenharia do Nordeste da Odebrecht, José de Carvalho Filho, delator de Flávio Dino (PCdoB) no esquema de corrupção da Lava Jato, manteve pelo menos 19 contatos telefônicos com o comunista antes da doação de R$ 200 mil feita a ele pela empreiteira, para a campanha eleitoral de 2014.

As conversas fazem parte do rol de 22 registros de ligações telefônicas entregues por José Filho aos procuradores da República que colheram seu depoimento e apresentação de indícios de crimes contra o governador do Maranhão. As outras três ligações foram efetuadas entre a noite do dia 5 de outubro de 2014, quando o comunista já era oficialmente dado como eleito; e o dia 21 de setembro 2015, quando ele exercia o primeiro ano de mandato de governador. Ligações efetuadas em 2010, quando teria ocorrido um repasse de R$ 200 mil por fora por meio do operador “TUTAR” (ou “TUTA”), não foram recuperadas em razão de impossibilidade técnica das operadoras de celular.

Obtido pelo ATUAL7, o documento revela ainda que, uma semana antes do repasse da Odebrecht para a campanha eleitoral de Dino nas eleições de 2014, pelo menos duas ligações foram feitas pelo ex-funcionário da empreiteira para o número de celular do comunista, tendo sido uma delas efetuada.

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Nessa segunda-feira 24, reportagem do ATUAL7 mostrou que o próprio governador do Maranhão acabou confirmando haver procurado a empreiteira envolvida na Lava Jato atrás de doação eleitoral. Apesar de, naquela época, a Odebrecht já estar enlameada no maior esquema de ladroagem e corrupção do país, o comunista declarou não encontrar problemas em pedir ajuda financeira a empresa, em razão da legislação vigente naquele período ainda permitir a doação de pessoas jurídicas aos candidatos.

“Era normal que os políticos procurassem empresas e empresas procurassem políticos”, confessou.

Segundo um dos documentos entregues por João Filho ao Ministério Público Federal (MPF) para corroborar com a delação premiada, a doação foi efetivada na conta do Comitê Financeiro Distrital/Estadual do PCdoB para governador, e foi feita por meio da Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO) Engenharia Ltda, subsidiária da Odebrecht.

Toda essa documentação, somada a registros das viagens feitas pelo delator ao Maranhão para se encontrar com Flávio Dino; a ficha de tramitação do PL 2.279/2007, que destaca a designação de Flávio Dino como relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC); além de matérias jornalísticas sobre a visita do comunista à Alcântara para tratar de questões de interesse da Odebrecht, estão entre o calhamaço entregue pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo autorização para solicitar abertura de inquérito contra o chefe do Executivo estadual maranhense no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde ele possui foro privilegiado por prerrogativa de função.

Flávio Dino e PCdoB começam a confirmar relação com a Odebrecht
Política

Governador alegou que era normal político pedir ajuda a empresas. Partido confirmou reunião para tratar de projeto de interesse da empreiteira

O governador do Maranhão, Flávio Dino, e o seu partido, o PCdoB, vão confirmando aos poucos a relação existente com a Odebrecht, maior empreiteira do país e pilhada pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal na Lava Jato, esquema bilionário de ladroagem e lavagem de dinheiro público e corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras, políticos e empresários.

A confirmação do comunista aconteceu há quase duas semanas. A do PCdoB foi mais recente, há alguns dias, mas ambas acabaram passando despercebidas.

Em entrevista à TV Mirante, ao ser questionado se realmente procurou a Odebrecht atrás de doação para a campanha eleitoral, Dino não negou a busca pelo dinheiro e ainda surpreendeu aos maranhenses com a resposta: “era normal que os políticos procurassem empresas e empresas procurassem políticos”, alegou — se agarrando ao sistema vigente à época, que permitia a doação de empresas aos candidatos.

Já na semana passada, acossado com a notícia de um pedido de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre possível vazamento ao governador sobre sua citação na Lava Jato, o PCdoB emitiu nota reveladora a uma reportagem do jornal O Estado.

Entre as justificativas apresentadas para defender Flávio Dino, a legenda confirmou que houve “uma reunião [entre o comunista e um representante da Odebrecht] para debater projeto de lei de interesse da empresa”, e que esse projeto era exatamente o referente a certidão obtida pelo chefe do Executivo como carta-seguro, o PL 2.279/2007.

Segundo acordos de colaboração feitos por um dos delatores da empresa com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-funcionário José de Carvalho Filho, o governador do Maranhão teria pedido ajuda financeira e recebido pelo menos R$ 400 mil para as campanhas eleitorais de 2010 e 2014. O primeiro repasse, segundo o delator, de R$ 200 mil, teria sido feito por fora, por meio do famoso caixa 2. O segundo, novamente de R$ 200 mil, foi feito de forma oficial, e também já foi confessado pelo comunista.

Por esses dois repasses, delatados na Lava Jato com recibo de doação e codinome (Cuba) e senha (Charuto) que seriam de Flávio Dino na planilha de propina da Odebrecht, somados a outros documentos, levaram o chefe da PGR, Rodrigo Janot, a pedir ao STF que autorizasse pedido de abertura de inquérito contra o governador do Maranhão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Enquanto a Corte não decide, o conteúdo do delator vai se encaixando no que Dino e o seu partido vão soltando, mesmo sem querer.

Delações da Odebrecht dão força a Roberto Rocha na corrida eleitoral
Política

Revelações e planilhas de ex-executivos da empreiteira atingiram e estraçalharam Flávio Dino. Roseana Sarney se livrou da Lava Jato, mas enfrenta outros processos por corrupção

A divulgação dos conteúdos da delação da empreiteira Odebrecht, na semana passada, atingiu e estraçalhou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), até então provável reeleito nas eleições de 2018. Como a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), embora tenha se livrado da Lava Jato, ainda enfrenta diversos processos por corrupção, o senador Roberto Rocha (PSB-MA), por enquanto, é o maior beneficiado pela hecatombe.

Depois dele, o ex-juiz maranhense e autor da Ficha Limpa, Márlon Reis (Rede), também pode se fortalecer para uma eventual disputa se desviar a mira do Senado para o Palácio dos Leões e permanecer fora do extenso grupo de políticos implicados em surrupio ou malversação de dinheiro público.

A vantagem de Rocha é que as revelações e planilhas de propina entregues pelos ex-executivos da Odebrecht contra Dino, somados aos processos em tramite no Ministério Público estadual contra Roseana, podem reforçar nos eleitores maranhenses uma forte reação aos políticos manchados pela nódoa da corrupção, como ocorreu no pleito passado.

Apesar do peso nos ombros, vale lembrar, tanto o comunista como a peemedebista ainda possuem condições políticas e eleitorais para a corrida. Contudo, agora sob o risco de serem investigados e virarem réus, a possibilidade de condenação de ambos aumenta, o que os obrigaria a também ter de reunir condições jurídicas pela conferência de possíveis votos recebidos na urna.

Longe desse tipo de desgaste em sua vida pública, Roberto Rocha possui excelente trâmite em Brasília, força eleitoral e tirocínio político que lhe garantem o porte de liderança estadual e no Congresso Nacional.

Eleito em 2014 sob o mesmo signo da mudança que levou Flávio Dino à vitória contra o clã Sarney, ele acabou se distanciando do comunista pouco tempo depois.

O rompimento se deu após a percepção de que a mudança imposta pelo governo do comunista — marcada especialmente pela extinção de programas sociais, aumento descontrolado de impostos, perseguição política, arrocho salarial e gastos milionários com publicidade e coisas supérfluas — é bem diferente da pregada por Dino durante a campanha eleitoral. O socialista, enquanto isso, segue ficha limpa, destinando emendas, defendendo a preservação dos rios, trabalhando por obras e até mesmo instalando um escritório político no Sul do estado, cumprindo a promessa de mostrar ao maranhense o que faz um senador.

Apelidos da Odebrecht: PCdoB é Bahia e governador é Meia
Política

Planilha da empresa para propinas mostra que partidos e políticos recebiam nomes de times de futebol e posições de jogadores no campo

Publicação de O Globo, dessa quinta-feira 13, dá conta de que, no jogo da Odebrecht, Fla-Flu é PT contra DEM e Corinthians e São Paulo é PSDB contra PR. Trazendo a pelada para o Maranhão, a partida no Palácio dos Leões tem como time da casa o Bahia, que representa políticos pixulequeiros do PCdoB.

Como já sabido em todo o estado e restante do país, o governador Flávio Dino, que é comunista, é um dos nomes citados na Lava Jato em acordo de delação premiada. Dino, claro, como todo bom jogador que sabe atacar, também sabe se defender. Ou, pelo menos, tenta. Ele alega que é inocente, honrado e que a Justiça provará que sua vida é limpa.

A escolha de times de futebol para substituir o nome de partidos foram adotadas em algumas das planilhas do Departamento de Operações Estruturadas, o conhecido “departamento da propina”, por onde o governador do Maranhão recebeu dinheiro por fora, segundo o delator e ex-executivo da Odebrecht, José de Carvalho Filho.

A lista conta com 18 partidos. Político que não tinha partido era identificado como ABC. Nessa tabela, explica-se ainda que presidente era centroavante, governador era descrito como meia, senador chamado de ponta, deputado federal era apelidado de volante e deputado estadual era zagueiro. Quem não tinha cargo e pertencia a base de partidos, recebia o apelido de goleiro.

Abaixo, segue infográfico dos codinomes de futebol:

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Vídeo: delator da Odebrecht explica repasse de caixa 2 para Flávio Dino
Política

Veja o depoimento do ex-executivo José de Carvalho Filho. Delator relata que comunista acertou indicar outro relator para o projeto de interesse da empreiteira

Exclusivo. O Supremo Tribunal Federal (STF) liberou, nessa quarta-feira 12, os vídeos das delações de ex-executivos da Odebrecht à Procuradoria Geral da República (PGR), entre eles o de José de Carvalho Filho. As explicações do ex-diretor da empreiteira serviram de base para pedido de abertura de inquérito contra o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em razão de foro privilegiado por prerrogativa de função do chefe do Executivo estadual maranhense, distribuído por conexão à Petição n.º 6.530 pelo ministro do Supremo, Edson Fachin, relator da Lava Jato, maior esquema de corrupção do país já desbaratado pela Polícia Federal.

No inquérito 52196/2017-GTLJ/PRG, Dino é suspeito de receber R$ 400 mil em doação por fora feita pela construtora. O ex-funcionário da Odebrecht afirmou que o pedido de ajuda financeira para a campanha eleitoral de 2010, quando concorreu pela primeira vez ao Palácio dos Leões, foi feito pelo próprio comunista, então deputado federal. Os valores teriam sido pagos por meio de um data center da empreiteira na Suíça, no sistema conhecido como como Drousys, usado pelos executivos da Odebrecht para controle do “departamento da propina”, chamado oficialmente de Departamentos de Operações Estruturadas, coordenado por Hilberto Mascarelhas Alves da Silva Filho.

Diferente do publicado pelo ATUAL7 inicialmente, porém, com base nos detalhes explicados pelo delator no vídeo, é informado que o valor do repasse foi feito por outro diretor da Odebrecht, João Pacífico, que coordenava a região onde Dino atuava. A participação de José de Carvalho Filho na operação se deu apenas na negociação com Dino, tanto na conversa inicial, quanto no repasse da senha ao então parlamentar, para receber os valores; e a pegar o endereço para onde o dinheiro teria sido enviado. Essa situação teria ocorrido no final de 2009.

“Ele demonstrou a intenção de ser candidato ao Governo do Maranhão. Ele fez a seguinte pergunta: ‘a empresa pode me ajudar na campanha eleitoral?’”, relatou o delator

Ainda segundo o delator, em nenhum momento Flávio Dino questionou se a modalidade dos pagamentos seria legal ou não. Ele também explica — e joga por terra a defesa apresentada pelo governador do Maranhão — que o comunista não apresentou o parecer ao Projeto de Lei n.º 2.279/2007, de interesse da Odebrecht, por haver acertado que acatar sugestões feitas pela Odebrecht para aprimorar o PL e que indicaria outro deputado de seu partido, Chico Lopes, para assumir a Relatoria da matéria, o que de fato ocorreu.

José de Carvalho Filho explica, ainda, que foi apresentado a Flávio Dino por um amigo em comum, o presidente do PCdoB-DF, Augusto Madeira, e que visitou Dino, de quem se tornou amigo pessoal, outras vezes — na Embratur; durante a campanha eleitoral de 2014; e em 2015, com o comunista já como governador. Segundo ele, porém, neste período foi tratado apenas sobre assuntos pessoais e do interesse da Odebrecht Ambiental em estender a concessão de água e esgotos, já iniciadas nos municípios de São José de Ribamar e Paço do Lumiar — cidades não lembradas nominalmente pelo delator durante a colaboração nas investigações da Lava Jato. O responsável pelo valor do caixa 2 a Flávio Dino, inclusive, diz o delator, foi apresentado pessoalmente ao comunista nesta época.

Confira a integra do vídeo:

Política

Ex-procurador-geral do Estado ainda usou de humor fino para aconselhar Flávio Dino a esfriar a cabeça e chamar Levi Pontes para comerem um peixe

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O ex-procurador-geral do Estado e advogado Marcos Lobo usou seu blog pessoal para comentar o pedido de abertura de inquérito feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), por suposta prática de propinagem. Segundo delação premiada do ex-diretor da Odebrecht, José de Carvalho Filho, Dino teria pedido e recebido ajuda financeira de R$ 400 mil por fora na campanha eleitoral de 2010, quando concorreu pela primeira vez ao Executivo estadual. O comunista veementemente nega a acusação.

Para Lobo, porém, o “governador do Maranhão está no lucro”. Isto porque, ironiza, estaria em prejuízo se houvesse outros pedidos de investigação sobre as doações recebidas por outras empreiteiras alvo da Lava Jato, como UTC e OAS.

Ele explica que, com o envio do processo refente à delação do ex-executivo da Odebrecht ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), se o inquérito for instaurado, o comunista poderá ser investigado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e “caixa dois eleitoral”; e que, apesar da delação, nada pode acontecer com Dino, caso haja o arquivamento do processo, mas ressalta que o governador do Maranhão pode ser denunciado criminalmente no STJ.

Por fim, em humor fino, o advogado volta a ironizar Flávio Dino, aconselhando-o a, enquanto não acontece nenhuma coisa e nem outra, que esfrie a cabeça, esqueça um pouco a defesa nas redes sociais e chame o deputado Levi Pontes (PCdoB), pego em áudio em suposto crime que pode custar a cassação de seu mandato, “para comerem um peixe”, tranquilamente.

Abaixo, leia a íntegra do artigo de Marcos Lobo:

Governador do Maranhão está no lucro

O Maranhão dormiu com a notícia de que o governador do Estado está na lista de pessoas que receberam dinheiro da Odebrecht.

A história é contada por José de Carvalho Filho e o resumo é o seguinte: o deputado federal Flávio Dino era relator de um projeto de lei que era do interesse da Odebrecht. Ao ser procurado pelo pessoal da Odebrecht o deputado pediu e recebeu R$ 400.000 para ser usado na campanha de 2010, quando o deputado federal Flávio Dino foi candidato a governador.

Em suma, o atual governador do Maranhão é acusado pela Odebrecht, em delação premiada, de ter solicitada e recebido propina no valor de R$ 400.000. Para usar uma expressão utilizada por Roberto Jeferson para qualificar pessoa que pede e recebe propina tal como narrado, a Odebrecht acusa o governador do Maranhão de ter sido um deputado “petequeiro”.

Com envio do processo ao STJ e se o inquérito for instaurado, o governador poderá ser investigado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e o tal “caixa dois eleitoral”.

Em razão desse fato pode não acontecer nada (o arquivamento do processo), assim como pode o governador do Maranhão ser denunciado criminalmente no STJ.

Por improbidade administrativa o governador do Maranhão não pode mais ser acusado, pois o ilícito já prescreveu (o mandato de deputado federal que gerou o pedido de propina encerrou em 1. de fevereiro de 2011).

Sobre o fato do governador do Maranhão ter sido um deputado “petequeiro”, pelo menos para o caso concreto, dúvida não existe que os fatos estão muito bem estruturados, pois impossível que uma pessoa que não é do Maranhão lembre com tanta riqueza de detalhes reuniões que ocorreram há sete anos. Seria muito “azar” do governador que um delator volte 7 anos no tempo para selecionar um deputado federal da legislatura 2006-2011 para a ele imputar o ato e o deputado ser exatamente ele, o azarado do governador do Estado. Ai é trabalhar com o absurdo, contra a lógica.

O governador do Estado, por meio de manifestações na internet, televisão etc., deu início à sua defesa. A partir das manifestações, extrai-se algumas conclusões, a saber: o governador não nega as reuniões com o delator, soube com antecedência do conteúdo da denúncia (sempre ele a saber antecipada e ilegalmente do que ocorre em processos judiciais sigilosos) – embora tenha recebido a propina – não entregou a mercadoria comprada (o parecer na condição de relator) e, o que é o dado que é mais “chocante”, o ato comprado pela Odebrecht iria beneficiar um país comunista, no caso, a Cuba. Ou seja, ideologia é ideologia. Dinheiro é dinheiro.

Objetivamente, este é o quadro pintado a quatro mãos (José de Carvalho Filho e deputado federal Flávio Dino).

De outro lado, ter o nome na lista da Odebrecht como beneficiário de “caixa dois” para as eleições de 2010 é lucro para o governador do Maranhão.

“Prejuízo” existirá se se resolver investigar, também, como o dinheiro da UTC, da Odebrecht e da OAS foram parar na campanha de 2014 do atual governador do Maranhão.

Pior será se for investigado i) a gestão que o governador fez na Embratur, sobretudo as agências de publicidade e empresas de TI contratadas; ii) o custo e o financiamento da pré-campanha chamada de “Diálogos pelo Maranhão”, que durou um ano e envolveu grande estrutura de veículos e aeronaves, impressos, combustível, alimentação etc.; iii) o Mais Asfalto que já foi executado nas eleições de 2016 e o Mais Asfalto que está sendo gestado para ocorrer como preparação para as eleições de 2018 etc...

E nem se vai falar dos malfeitos diários na gestão do Estado, por absoluta ausência de espaço para enumerar todos.

Não é hora de fazer julgamentos antecipados, mas é fato público e notório que o governador do Maranhão entrou para a política pela porta larga da corrupção eleitoral (abuso de poder econômico e político). Nesse âmbito, bom para o governador contar com o silêncio de José Reinaldo, Humberto Coutinho e Cleomar Tema, já que convênios não falam.

Por ter estreado na política por estes meios talvez o governador do Maranhão não tenha resistido ao canto da sereia dos cofres da Odebrecht. Pelo menos é a história contada por José de Carvalho Filho. Outro dia publiquei no blog um texto com o título “Eu acho que vi um Cabral?” (http://pormim.com.br/2016/11/eu-acho-que-vi-um-cabral/). Hoje tenho certeza que temos um Cabral. E você, o que acha?

Certo é afirmar que o governador do Maranhão está no lucro se a investigação ficar só nos R$ 400.000 do “caixa dois eleitoral” da Odebrecht.

Enquanto não acontece nenhuma coisa e nem outra, e porque já chega o feriado da Semana Santa, o governador do Maranhão deveria esfriar a cabeça, esquecer um pouco a defesa nas redes sociais – que só tem piorado a situação dele – e chamar o deputado Levi Pontes para comerem um peixe, tranquilamente.

Lava Jato: documento sugere que Flávio Dino já sabia de denúncia da PGR
Política

Governador do Maranhão solicitou certidão à Câmara dos Deputados três dias após haver sido denunciado ao STF por suposto recebimento de propina

Uma certidão apresentada pelo próprio governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), aponta que o comunista, possivelmente, tomou conhecimento antecipado de que havia sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PRG) por suposto recebimento de R$ 400 mil de propina da empreiteira Odebrecht, descoberto durante investigações da Lava Jato, maior esquema de corrupção do país já desbarato pela Polícia Federal.

De acordo com a documentação, divulgada pelo chefe do Executivo estadual nas redes sociais, é confirmado que ele, de fato, embora relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara do projeto de interesse da Odebrecht, não apresentou qualquer manifestação sobre a matéria.

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Contudo, chama a atenção a data da certidão apresentada pelo comunista, de 17 de março deste ano, três dias após o chefe da PGR, Rodrigo Janot, haver pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de 83 inquéritos contra políticos delatados pelos funcionários da Odebrecht na investigação da Lava Jato.

Entregue em dez caixas, o calhamaço é baseado nos 950 depoimentos de 78 delatores da Odebrecht e centenas de provas, dentre estas as apresentadas pelo ex-diretor da empreiteira, José de Carvalho Filho, que denunciou o suposto pixuleco ao então deputado federal comunista, em troca de voto favorável ao Projeto de Lei 2.279/2007, que se aprovado atribuiria “segurança jurídica a investimentos do grupo Odebrecht”. O temor da empresa era que leis americanas vedando investimentos em Cuba fossem aplicadas no Brasil.

Flávio Dino, como se sabe, é irmão do subprocurador-geral da República, Nicolao Dino, possível substituto de Janot.

Além disso, embora Dino tenha sido assessor direto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, dono de um instituto para o qual o governo comunista já repassou mais de R$ 1,4 milhão por um curso on-line, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, assinou eletronicamente a determinação da abertura de inquérito contra o governador do Maranhão e os outros acusados somente na semana passada, dia 4 de abril, quase um mês depois do comunista já haver solicitado a tal certidão à Câmara.

Apesar da suspeita do possível conhecimento prévio de que havia sido denunciado ao STF por caixa dois, não há, porém, confirmação de que o suposto vazamento partiu e se partiu da PGR. Ainda assim, fica levantada a estranheza do interesse do governador em buscar uma certidão da Secretaria-Executiva da CCJC da Câmara, exclusivamente, sobre esse projeto, apresentado por ele e anilhados como especie de “salvo-conduto” somente agora.

Lava Jato: Flávio Dino foi relator do projeto de interesse da Odebrecht
Política

Governador do Maranhão foi denunciado pela PGR por suposto recebimento de R$ 400 mil em troca de voto favorável à matéria. Comunista exercia o mandato de deputado federal

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo suposto recebimento de R$ 400 mil de propina da Odebrecht, foi relator do Projeto de Lei 2.279/2007, durante passagem da matéria pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados.

O comunista passou de trigo para joio ao ser incluído na nova lista da Lava Jato, maior esquema de corrupção do país já desbaratado pela Polícia Federal.

Segundo delação premiada do ex-diretor da empreiteira, José de Carvalho Filho, Dino teria pedido e recebido ajuda financeira por fora na campanha eleitoral de 2010, quando concorreu pela primeira vez ao Executivo estadual. O pixuleco, garante o delator, teria sido feito em troca do voto do comunista na Câmara Federal em relação a esse projeto, de interesse da Odebrecht, que vetava a aplicação no Brasil de leis estrangeiras que afetem o comércio internacional. Ainda segundo o delator, a senha para receber a propina, teria sido entregue à época, inclusive, ao próprio Flávio Dino. O governador do Maranhão, em comentários nas redes sociais, se declara inocente, injustiçado e indignado.

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Se aprovado, esse projeto atribuiria “segurança jurídica a investimentos do grupo Odebrecht”. O temor da empresa era que leis americanas vedando investimentos em Cuba fossem aplicadas no Brasil.

Contudo, como em 2008 concorreu à Prefeitura de São Luís nas eleições municipais daquele ano, o comunista nunca apresentou parecer e nem voto, tendo sido o processo designado para novo relator, o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), e posteriormente arquivado pela Mesa Diretora, em janeiro de 2011.

De acordo com o sistema de tramitação de matérias fornecida pela Câmara dos Deputados, o projeto chegou a ser desarquivado dois meses depois, após pedido do então deputado federal Sarney Filho (PV-MA), atualmente Ministro do Meio Ambiente; novamente arquivado pela Mesa Diretora, em janeiro de 2015; e outra vez desarquivado, um mês depois, por pedidos dos deputados federais Jô Moraes (PCdoB-MG) e Daniel Almeida (PCdoB-BA).

A última movimentação do Projeto de Lei 2.279/2007, de acordo com tramitação fornecida pela própria Câmara dos Deputados, dá conta de que todo os novos pedidos de desarquivamento da matéria se encontram prejudicados.

Como Flávio Dino não tem direito a foro especial, mas foro privilegiado por prerrogativa de função, o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, entendeu que o pedido de investigação contra ele deveria ser encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os ministros é quem decidirão se abrem ou não inquérito para apurar os indícios apontados pelo delator. Somente então, caso seja aceita a denúncia, é que o chefe do Executivo estadual maranhense poderá passar à condição de investigado por suposta propinagem. Em razão do chefe da PGR, Rodrigo Janot, ter pedido a instauração de inquérito contra o comunista baseado na garantia [ou até mesmo já provável comprovação] de que o suposto pagamento do pixuleco foi de fato efetuado, a expectativa é que o governador do Maranhão passe à condição de investigado.

Flávio Dino: de promessa de mudança a citado no maior esquema de corrupção do país
Política

Governador do Maranhão teria recebido pixuleco de R$ 400 mil da Odebrecht em 2010. Comunista se diz indignado e injustiçado

Eleito em 2014 sob a promessa de mudança nas velhas práticas políticas após destronar a oligarquia Sarney, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), passou de trigo para joio. O comunista é um dos nove governadores incluídos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na nova lista da Lava Jato, maior esquema de corrupção do país já desbaratado pela Polícia Federal.

Dino foi citado em delação premiada do ex-diretor da Odebrecht, José de Carvalho Filho, o qual relatou ter repassado a quantia de R$ 400 mil por fora para o governador na campanha eleitoral de 2010. A propina, segundo o delator, teria sido feito em troca do voto do comunista na Câmara Federal, de projeto de interesse da Odebrecht. A senha para receber o pixuleco, teria sido entregue à época, inclusive, ao próprio então deputado federal.

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Como Flávio Dino não tem direito a foro especial, mas foro privilegiado por prerrogativa de função, o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, entendeu que o pedido deveria ser encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Os ministros que receberão o material decidirão se abrem ou não inquérito para apurar os indícios apontados pelo delator. Somente então, caso seja aceita a denúncia, é que o chefe do Executivo estadual maranhense poderá passar à condição de investigado por suposta propinagem. Há, ainda, a possibilidade de Dino ser investigado no próprio Supremo, apesar de não ter foro no tribunal, por estar relacionado aos fatos narrado pelo delator.

Como o chefe da PGR, Rodrigo Janot, pediu a instauração de inquérito contra Flávio Dino baseado na garantia [ou até mesmo já provável comprovação] de que o pagamento da suposta propina foi de fato efetuado pela empreiteira, a expectativa é que Dino passe à condição de investigado.

Pelas redes sociais, o comunista se defende.

Segundo o governador do Maranhão, ele seria inocente, está indignado “por ser citado de modo injusto” sobre atos que não teria praticado e jamais atendeu a qualquer interesse da Odebrecht. Ele diz ainda ter certeza de que a verdade irá prevalecer. “Se um dia houver de fato investigação sobre meu nome, vão encontrar o de sempre: uma vida limpa e honrada”, garante.

Jucá diz que codinome em planilha da Odebrecht é de Edison Lobão
Política

Codinome 'Caju' seria uma referência à tinta que o senador maranhense usa no cabelo

O líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), espalha pela Casa que o apelido “Caju”, que aparece atribuído a ele na delação da Odebrecht, no âmbito da Lava Jato, na verdade é um codinome do senador maranhense Edison Lobão (PMDB).

A informação é do articulista Gabriel Mascarenhas, publicada na coluna Radar On-Line, de Veja.

O codinome “Caju”, segundo a publicação, seria uma referência à tinta que Lobão usa no cabelo.

Sigilo em delações da Odebrecht pode estimular vazamentos
Política

Depoimentos de executivos e já vieram a público, mesmo antes da homologação dos acordos

Do Gazeta do Povo

A decisão da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), de homologar os acordos de colaboração premiada dos executivos da Odebrecht, mas manter os depoimentos em sigilo, pode estimular os vazamentos do conteúdo considerado bombástico pela classe política. No final do ano passado, mesmo antes da homologação, alguns depoimentos já vieram à público, causando desconforto entre os políticos em Brasília.

Os primeiros depoimentos a virem à tona foram do ex-diretor Claudio Melo Filho. O executivo citou mais de 50 políticos, de 11 partidos, incluindo o presidente Michel Temer (PMDB) - citado 43 vezes nos depoimentos. Figuras como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha; o ex-assessor especial do presidente José Yunes, o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), o deputado Rodrigo Maia (DEM), os senadores Renan Calheiros (PMDB), Eunício Oliveira (PMDB) e Romero Jucá (PMDB) foram citados pelo executivo, que tinha como função na empresa a relação com o Congresso Nacional.

Melo Filho chegou a citar uma reunião com o presidente Michel Temer em que o peemedebista pediu R$ 10 milhões para a campanha da legenda em 2014. O fato foi confirmado pelo executivo Marcelo Odebrecht - preso em Curitiba - em outro depoimento de delação premiada que vazou. Segundo Odebrecht, a reunião ocorreu no Palácio Alvorada, residência oficial da vice-presidência.

Investigação

O procurador geral da República Rodrigo Janot afirmou, ainda em dezembro do ano passado, que vai pedir a abertura de uma investigação para apurar os vazamentos de documentos sigilosos da delação dos executivos da Odebrecht.

Apesar do sigilo ser uma das cláusulas do acordo, o ministro Teori Zavascki, que era relator da Lava Jato no STF, disse no final do ano passado que o acordo não seria anulado por causa dos vazamentos. O ministro, porém, disse que o vazamento era “lamentável”.

O procurador da República Antônio Carlos Welter, que faz parte da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, também criticou o vazamento. Segundo ele, a publicidade dos depoimentos trouxe grandes prejuízos à apuração por permitir que investigados possam destruir provas e ocultar patrimônio.

Delação suspensa

No ano passado, Janot suspendeu as negociações para um acordo de colaboração premiada de Leo Pinheiro, executivo da OAS, depois que informações sobre os depoimentos vazaram. O empresário já havia assinado um termo de confidencialidade, primeira etapa do acordo.

A delação de Leo Pinheiro pode ser retomada nos próximos dias. O acordo estava em suspenso aguardando a homologação da delação dos executivos da Odebrecht.

Homologação de delação da Odebrecht vai esclarecer se Flávio Dino recebeu caixa 2
Política

Conteúdo está sob sigilo. Material será encaminhado para a PGR

A homologação feita pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, das 77 delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht, vai finalmente esclarecer se o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), recebeu ou não dinheiro por fora da construtura.

O conteúdo das delações continua sob segredo de Justiça e será encaminhado para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que vai analisar os documentos para decidir sobre quais pontos irá pedir abertura de investigação. O sigilo só deverá ser derrubado após a abertura de investigação sobre os fatos informados pelos delatores.

O suposto caixa dois de Flávio Dino foi revelado em agosto do ano passado pelo colunista Guilherme Amado, no blog do jornalista Lauro Jardim, de O Globo.

De acordo com Amado, durante delação premiada, os executivos da Odebrecht teriam citado o governador do Maranhão como recebedor de R$ 200 mil de caixa dois na campanha eleitoral de 2010. O caso foi amplamente repercutido pela imprensa nacional e local. Dino e o PCdoB negam.

Se o nome do comunista realmente estiver entre os beneficiados com o esquema criminoso desbaratado pela Lava Jato, por prerrogativa de foro, o processo deverá ser encaminhado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Sigilo

Assim que foi noticiada a homologação das delações, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cláudio Lamachia, escreveu em sua conta no Twitter que defende a quebra do sigilo do conteúdo do material.

“Defendo a quebra do sigilo. É preciso que fique claro a toda sociedade o papel de cada um dos envolvidos. A luz do sol é o melhor detergente”, escreveu o presidente da OAB.

 

Sarney diz que delação da Odebrecht seria ‘metralhadora de ponto 100’
Política

Ex-senador foi gravado comentando a Operação Lava Jato

O Globo

A possibilidade de a empreiteira Odebrecht fazer uma delação premiada na Operação Lava Jato foi considerada “uma metralhadora de [calibre] ponto 100” pelo ex-presidente José Sarney em conversa gravada por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

Sarney relacionou a empresa a uma ação que a presidente Dilma Rousseff, afastada do mandato pelo Senado, teria feito durante a campanha eleitoral.

“Nesse caso, ao que eu sei, o único em que ela [Dilma] está envolvida diretamente é que falou com o pessoal da Odebrecht para dar para campanha do... E responsabilizar aquele [inaudível]”, diz Sarney na conversa.

O ex-presidente também comentou que os escândalos na Petrobras revelados pela Lava Jato eram responsabilidade do governo:

“Esse negócio da Petrobras, só os empresário que vão pagar, os políticos? E o governo que fez isso tudo, hein?”, questionou.

Em resposta, Sérgio Machado disse que Lula havia acabado. “O Lula acabou, o Lula, coitado, deve estar numa depressão”, concordou Sarney que, na sequência, disse que Lula não recebeu solidariedade de Dilma: e criticou o juiz Sergio Moro: “Nenhuma, nenhuma. E com esse Moro perseguindo por besteira”.

Os trechos do diálogo entre Sarney e Machado foram publicados pelo jornal Folha de S.Paulo. O ex-presidente é o terceiro político a ser gravado por Machado, depois do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que foi exonerado do ministério do Planejamento quando o áudio tornou-se público, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A eventual delação premiada da Odebrecht já havia sido mencionada por Renan, em áudio, após ser instigado por Machado. O presidente do Senado concordou com a afirmação de Machado de que a empresa “vai tacar tiro no peito dela, não tem mais jeito”, em referência à Dilma. Renan respondeu: “Tem não, porque vai mostrar as contas”.

Leia a seguir a transcrição das conversas entre José Sarney e Sérgio Machado publicada pela Folha de S.Paulo.

Primeira conversa

SARNEY - Olha, o homem está no exterior. Então a família dele ficou de me dizer quando é que ele voltava. E não falei ontem porque não me falou de novo. Não voltou. Tá com dona Magda. E eu falei com o secretário.

MACHADO - Eu vou tentar falar, que o meu irmão é muito amigo da Magda, para saber se ele sabe quando é que ela volta. Se ele me dá uma saída.

MACHADO- Presidente, então tem três saídas para a presidente Dilma, a mais inteligente...

SARNEY - Não tem nenhuma saída para ela.

MACHADO -...ela pedir licença.

SARNEY - Nenhuma saída para ela. Eles não aceitam nem parlamentarismo com ela.

MACHADO - Tem que ser muito rápido.

SARNEY - E vai, está marchando para ser muito rápido.

MACHADO - Que as delações são as que vem, vem às pencas, não é?

SARNEY - Odebrecht vem com uma metralhadora de ponto 100.

MACHADO - Olha, acabei de sair da casa do nosso amigo. Expliquei tudo a ele [Renan Calheiros], em todos os detalhes, ele acha que é urgente, tem que marcar uma conversa entre o senhor, o Romero e ele. E pode ser aqui... Só não pode ser na casa dele, porque entra muita gente. Onde o se nhor acha melhor?

SARNEY - Aqui.

MACHADO - É. O senhor diz a hora, que qualquer hora ele está disponível, quando puder avisar o Romero, eu venho também. Ele [Renan] ficou muito preocupado. O sr. viu o que o [blog do] Camarotti botou ontem?

SARNEY- Não.

MACHADO - Alguém que vazou, provavelmente grande aliado dele, diz que na reunião com o PSDB ele teria dito que está com medo de ser preso, podia ser preso a qualquer momento.

SARNEY- Ele?

MACHADO - Ele, Renan. E o Camarotti botou. Na semana passada, não sei se o senhor viu, numa quinta ou sexta, um jornalista aí, que tem certa repercussão na área política, colocou que o Renan tinha saído às pressas daqui com medo dessa condição, delações, e que estavam sendo montadas quatro operações da Polícia Federal, duas no Nordeste e duas aqui. E que o Teori estava de plantão... Desculpe, presidente, não foi quinta não. Foi sábado ou domingo. E que o Teori estava de plantão com toda sua equipe lá no Ministério e que isso significaria uma operação... Isso foi uma... operação que iria acontecer em dois Estados do Nordeste e dois no sul. Presidente, ou bota um basta nisso... O Moro falando besteira, o outro falando isso. [inaudível] ‘Renan, tu tem trinta dias que a bola está perto de você, está quase no seu colo’. Vamos fazer uma estratégia de aproveitar porque acabou. A gente pode tentar, como o Brasil sempre conseguiu, uma solução não sangrenta. Mas se passar do tempo ela vai ser sangrenta. Porque o Lula, por mais fraco que esteja, ele ainda tem... E um longo processo de impeachment é uma loucura. E ela perdeu toda... [...] Como é que a presidente, numa crise desse tamanho, a presidente está sem um ministro da Justiça? E não tem um plano B, uma alternativa. Esse governo acabou, acabou, acabou. Agora, se a gente não agir... Outra coisa que é importante para a gente, e eu tenho a informação, é que para o PSDB a água bateu aqui também. Eles sabem que são a próxima bola da vez.

SARNEY - Eles sabem que eles não vão se safar.

MACHADO - E não tinham essa consciência. Eles achavam que iam botar tudo mundo de bandeja... Então é o momento dela para se tentar conseguir uma solução a la Brasil, como a gente sempre conseguiu, das crises. E o senhor é um mestre pra isso. Desses aí o senhor é o que tem a melhor cabeça. Tem que construir uma solução. Michel tem que ir para um governo grande, de salvação nacional, de integração e etc etc etc.

SARNEY- Nem Michel eles queriam, eles querem, a oposição. Aceitam o parlamentarismo. Nem Michel eles queriam. Depois de uma conversa do Renan muito longa com eles, eles admitiram, diante de certas condições.

MACHADO - Não tem outa alternativa. Eles vão ser os próximos. Presidente: não há quem resista a Odebrecht.

SARNEY - Mas para ver como é que o pessoal..

MACHADO - Tá todo mundo se cagando, presidente. Todo mundo se cagando. Então ou a gente age rápido. O erro da presidente foi deixar essa coisa andar. Essa coisa andou muito. Aí vai toda a classe política para o saco. Não pode ter eleição agora.

SARNEY - Mas não se movimente nada, de fazer, nada, para não se lembrarem...

MACHADO - É, eu preciso ter uma garantia

SARNEY - Não pensar com aquela coisa apress... O tempo é a seu favor. Aquele negócio que você disse ontem é muito procedente. Não deixar você voltar para lá [Curitiba]

MACHADO - Só isso que eu quero, não quero outra coisa.

SARNEY - Agora, não fala isso.

MACHADO- Vou dizer pro senhor uma coisa. Esse cara, esse Janot que é mau caráter, ele disse, está tentando seduzir meus advogados, de eu falar. Ou se não falar, vai botar para baixo. Essa é a ameaça, presidente. Então tem que encontrar uma... Esse cara é muito mau caráter. E a crise, o tempo é a nosso favor.

SARNEY - O tempo é a nosso favor.

MACHADO - Por causa da crise, se a gente souber administrar. Nosso amigo, soube ontem, teve reunião com 50 pessoas, não é assim que vai resolver crise política. Hoje, presidente, se estivéssemos só nos três com ele, dizia as coisas a ele. Porque não é se reunindo 50 pessoas, chamar ministros.. Porque a saída que tem, presidente, é essa que o senhor falou é isso, só tem essa, parlamentarismo. Assegurando a ela e o Lula que não vão ser... Ninguém vai fazer caça a nada. Fazer um grande acordo com o Supremo, etc, e fazer, a bala de Caxias, para o país não explodir. E todo mundo fazer acordo porque está todo mundo se fodendo, não sobra ninguém. Agora, isso tem que ser feito rápido. Porque senão esse pessoal toma o poder... Essa cagada do Ministério Público de São Paulo nos ajudou muito.

SARNEY - Muito.

MACHADO - Muito, muito, muito. Porque bota mais gente, que começa a entender... O [colunista da Folha] Janio de Freitas já está na oposição, radicalmente, já está falando até em Operação Bandeirante. A coisa começou... O Moro começou a levar umas porradas, não sei o quê. A gente tem que aproveitar ess... Aquele negócio do crime do político [de inação]: nós temos 30 dias, presidente, para nós administrarmos. Depois de 30 dias, alguém vai administrar, mas não será mais nós. O nosso amigo tem 30 dias. Ele tem sorte. Com o medo do PSDB, acabou com el,e no colo dele, uma chance de poder ser ator desse processo. E o senhor, presidente, o senhor tem que entrar com a inteligência que não tem. E experiência que não tem. Como é que você faz reunião com o Lula com 50 pessoas, como é que vai querer resolver crise, que vaza tudo...

SARNEY - Eu ontem disse a um deles que veio aqui: ‘Eu disse, Olhe, esqueçam qualquer solução convencional. Esqueçam!’.

MACHADO - Não existe, presidente.

SARNEY- ‘Esqueçam, esqueçam!’

Machado - Eu soube que o senhor teve uma conversa com o Michel.

SARNEY - Eu tive. Ele está consciente disso. Pelo menos não é ele que...

MACHADO - Temos que fazer um governo, presidente, de união nacional.

SARNEY - Sim, tudo isso está na cabeça dele, tudo isso ele já sabe, tudo isso ele já sabe. Agora, nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está o teu advogado, até onde eles falando com ele em delação premiada.

MACHADO - Não estão falando.

SARNEY - Até falando isso para saber até onde ele vai, onde é mentira e onde é valorização dele.

MACHADO - Não é valoriz... Essa história é verdadeira, e não é o advogado querendo, e não é diretamente. É [a PGR] dizendo como uma oportunidade, porque ‘como não encontrou nada...’ É nessa.

SARNEY - Sim, mas nós temos é que conseguir isso. Sem meter advogado no meio.

MACHADO - Não, advogado não pode participar disso, eu nem quero conversa com advogado. Eu não quero advogado nesse momento, não quero advogado nessa conversa.

SARNEY - Sem meter advogado, sem meter advogado, sem meter advogado.

MACHADO - De jeito nenhum. Advogado é perigoso.

SARNEY- É, ele quer ganhar...

MACHADO - Ele quer ganhar e é perigoso. Presidente, não são confiáveis, presidente, você tá doido? Eu acho que o senhor podia convidar, marcar a hora que o senhor quer, e o senhor convidava o Renan e Romero e me diz a hora que eu venho. Qual a hora que o senhor acha melhor para o senhor?

SARNEY - Eu vou falar, já liguei para o Renan, ele estava deitado.

MACHADO - Não, ele estava acordado, acabei de sair de lá agora.

SARNEY - Ele ligou para mim de lá, depois que tinha acordado, e disse que ele vinha aqui. Disse que vinha aqui.

MACHADO - Ele disse para o senhor marcar a hora que quiser. Então como faz, o senhor combina e me avisa?

SARNEY - Eu combino e aviso.

[...]

MACHADO - O Moreira [Franco] está achando o quê?

SARNEY - O Moreira também tá achando que está tudo perdido, agora, não tem gente com densidade para... [inaudível]

MACHADO - Presidente, só tem o senhor, presidente. Que já viveu muito. Que tem inteligência. Não pode ser mais oba-oba, não pode ser mais conversa de bar. Tem que ser conversa de Estado-Maior. Estado-Maior analisando. E não pode ser um [...] que não resolve. Você tem que criar o núcleo duro, resolver no núcleo duro e depois ir espalhando e ter a soluç... Agora, foi nos dada a chave, que é o medo da oposição.

SARNEY - É, nós estamos... Duas coisas estão correndo paralelo. Uma é essa que nos interessa. E outra é essa outra que nós não temos a chave de dirigir. Essa outra é muito maior. Então eu quero ver se eu... Se essa chave... A gente tendo...

MACHADO - Eu vou tentar saber, falar com meu irmão se ele sabe quando é que ela volta.

SARNEY - E veja com o advogado a situação. A situação onde é que eles estão mexendo para baixar o processo.

MACHADO - Baixar o processo, são duas coisas [suspeitas]: como essas duas coisas, Ricardo, que não tem nada a ver com Renan, e os 500, que não tem nada a ver com o Renan, eles querem me apartar do Renan...

SARNEY - Eles quem?

MACHADO - O Janot e a sua turma. E aí me botar pro Moro, que tem pouco sentido ficar aqui. Com outro objetivo.

SARNEY - Aí é mais difícil, porque se eles não encontraram nada, nem no Renan nem no negócio, não há motivo para lhe mandar para o Paraná.

MACHADO - Ele acha que essas duas coisas são motivo para me investigar no Paraná. Esse é io argumento. Na verdade o que eles querem é outra coisa, o pretexto é esse. Você pede ao [inaudível] para me ligar então?

SARNEY - Peço. Na hora que o Renan marcar, eu peço... Vai ser de noite.

MACHADO - Tá. E o Romero também está aguardando, se o senhor achar conveniente.

SARNEY - [sussurrando] Não acho conveniente.

MACHADO - Não? O senhor que dá o tom.

SARNEY - Não acho conveniente. A gente não põe muita gente.

MACHADO - O senhor é o meu guia.

SARNEY - O Amaral Peixoto dizia isso: ‘duas pessoas já é reunião. Três é comício’.

MACHADO - [rindo]

SARNEY - Então três pessoas já é comício.

[...]

*

Segunda conversa

SARNEY - Agora é coisa séria, acho que o negócio é sério.

Machado - Presidente, o cara [Sérgio Moro] agora seguiu aquela estratégia, de ‘deslegitimizar’ as coisas, agora não tem ninguém mais legítimo para falar mais nada. Pegou Renan, pegou o Eduardo, desmoralizou o Lula. Agora a Dilma. E o Supremo fez essa suprema... rasgou a Constituição.

SARNEY - Foi. Fez aquele negócio com o Delcídio. E pior foi o Senado se acovardar de uma maneira... [autorizou prisão do então senador].

Machado - O Senado não podia ter aceito aquilo, não.

SARNEY - Não podia, a partir dali ele acabou. Aquilo é uma página negra do Senado.

Machado - Porque não foi flagrante delito. Você tem que obedecer a lei.

SARNEY - Não tinha nem inquérito!

Machado - Não tem nada. Ali foi um fígado dos ministros. Lascaram com o André Esteves.. Agora pergunta, quem é que vai reagir?

[...]

Machado - O Senado deixar o Delcídio preso por um artista.

SARNEY - Uma cilada.

MACHADO - Cilada.

SARNEY - Que botaram eles. Uma coisa que o Senado se desmoralizou. E agora o Teori acabou de desmoralizar o Senado porque mostrou que tem mais coragem que o Senado, manda soltar.

MACHADO - Presidente, ficou muito mal. A classe política está acabada. É um salve-se quem puder. Nessa coisa de navio que todo mundo quer fugir, morre todo mundo.

[...]

SARNEY - Eu soube que o Lula disse, outro dia, ele tem chorado muito. [...] Ele está com os olhos inchados.

[...]

SARNEY - Nesse caso, ao que eu sei, o único em que ela está envolvida diretamente é que ela falou com o pessoal da Odebrecht para dar para campanha do... E responsabilizar aquele [inaudível]

MACHADO - Isso é muito estranho [problemas de governo]. Presidente, você pegar um marqueteiro, dos três do Brasil. [...] Deixa aquele ministério da Justiça que é banana, só diz besteira. Nunca vi um governo tão fraco, tão frágil e tão omisso. Tem que alguém dizer assim ‘A presidente é bunda mole’. Não tem um fato positivo.

[...]

SARNEY - E o Renan cometeu uma ingenuidade. No dia que ele chegou, quem deu isso pela primeira vez foi a Délis Ortiz. Eu cheguei lá era umas 4 horas, era um sábado, ele disse ‘já entreguei todos os documentos para a Delis Ortiz, provando que eu... que foi dinheiro meu’. Eu disse: ‘Renan, para jornalista você não dá documento nunca. Você fazer um negócio desse. O que isso vai te trazer de dor de cabeça’. Não deu outra.

MACHADO - Renan erra muito no varejo. Ele é bom. [...] Presidente, não pode ser assim, varejista desse jeito.

[...]

SARNEY - Tudo isso é o governo, meu Deus. Esse negócio da Petrobras só os empresários que vão pagar, os políticos? E o governo que fez isso tudo, hein?

MACHADO - Acabou o Lula, presidente.

SARNEY - O Lula acabou, o Lula coitado deve estar numa depressão.

MACHADO - Não houve nenhuma solidariedade da parte dela.

SARNEY - Nenhuma, nenhuma. E com esse Moro perseguindo por besteira.

MACHADO - Tomou conta do Brasil. O Supremo fez a pedido dele.