Jorge Rachid
No TJ-MA, Jorge Rachid se declara suspeito e José Jorge vira relator de caso envolvendo licitação de R$ 39 milhões
Cotidiano

Contratação do IDG pela gestão Julinho Matos em São José de Ribamar está suspensa para análise dos atestados de capacidade técnica, notas fiscais e contratos apresentados pela entidade

O desembargador José Jorge Figueiredo dos Anjos, do Tribunal de Justiça do Maranhão, é o novo relator do processo que discute se o INTECS (Instituto Nacional de Tecnologia, Educação, Cultura e Saúde) deve permanecer ou não prestando serviços em contrato emergencial de gerenciamento e execução de atividades, ações e serviços de saúde no Hospital e Maternidade de São José de Ribamar.

O mandado de segurança teve entrada na corte na semana passada, tendo como autor o IDG (Instituto de Desenvolvimento e Gestão). A entidade foi declarada vencedora pela gestão municipal em um processo licitatório sem transparência para prestação do mesmo tipo de serviço, pelo período de 12 meses, ao custo global de R$ 39.347.239,81 aos cofres públicos.

Conforme mostrou o ATUAL7, o certame foi suspenso em primeira instância pelo juiz Gilmar de Jesus Everton Vale, da 1ª Vara Cível de São José de Ribamar, por suspeita de irregularidades. A decisão foi parcialmente confirmada pelo desembargador do TJ-MA, Antônio José Vieira Filho, que manteve a determinação de análise minuciosa nos atestados de capacidade técnica, notas fiscais e contratos apresentados pelo IDG, além de conservação da prestação de serviços pelo INTECS, sob justificativa de “consonância com princípio da continuidade do serviço público”.

No pedido agora sob análise do desembargador José Jorge, o IDG tenta tanto suspender os efeitos da decisão monocrática do desembargador Antônio Vieira quanto revogar, por inteiro, os efeitos da decisão do juiz Gilmar Everton Vale, até o julgamento do mérito do mandado de segurança.

A alegação é de que a decisão do membro da cúpula do Poder Judiciário maranhense foi “teratológica”, especialmente quanto à manutenção da determinação proferida pelo juízo de primeira instância, de prorrogar o contrato emergencial da prefeitura de São José de Ribamar com o INTECS por tempo indeterminando.

A contratação emergencial do INTECS pelo período de 90 dias, que pela lei pode ser prorrogado por mais 180 dias, foi celebrada no início de janeiro deste ano, pelo valor estimado de R$ 8.261.325,57.

O caso foi redistribuído para José Jorge após o desembargador Jorge Rachid Mubárack Maluf haver se declarado suspeito para atuar no feito, por motivo de foro íntimo.

A prefeitura de São José de Ribamar é comandada pelo médico Júlio César de Souza Matos, o Dr. Julinho. Ele é filiado ao PL, partido do presidente da República Jair Bolsonaro, e que tem o deputado federal Josimar Maranhãozinho como liderança da legenda no estado.

Tribunal de Justiça do MA vota nesta quarta proposta que torna corte maior e mais cara
Política

Projeto com transparência opaca destina para a cúpula do Judiciário do Estado mais cinco vagas para juízes de carreira e duas para o quinto constitucional

O Tribunal de Justiça do Maranhão votará nesta quarta-feira (16) proposta com transparência opaca de criação de sete novos cargos de desembargadores e mais de 70 novos servidores para o Palácio Clóvis Bevilácqua, o que tornará a corte maior e mais cara. Também haverá a criação de mais um cargo na Mesa Diretora, de 2º vice-presidente. O impacto financeiro não foi tornado público.

Apresentado pelo desembargador-presidente do Poder Judiciário do Estado, Lourival Serejo, o texto já foi aprovado, por unanimidade, pela comissão interna do tribunal responsável pela divisão e organização judiciárias e assuntos legislativos, e conta com o apoio da AMMA (Associação dos Magistrados do Maranhão).

Dos sete novos cargos de desembargadores, cinco vagas serão serão destinadas para juízes de carreira, e duas ao quinto constitucional, a serem preenchidas por membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e do Ministério Público. Cada desembargador do Tribunal de Justiça maranhense tem direito a até 13 cargos à disposição no gabinete, com vencimento mínimo de R$ 11 mil, além de diversos benefícios e penduricalhos.

Por Serejo, a proposta já deveria ter sido aprovada na semana passada, de forma relâmpago e sem análise aprofundada pelos demais integrantes da cúpula do TJ-MA, mas o desejo esbarrou no posicionamento contrário do desembargador Jorge Rachid, que provocou discussão durante a sessão plenária sobre o tema e o adiamento da votação.

“Já tem até candidato. Então, parece que a coisa vai ser aprovada de qualquer maneira”, reclamou Rachid.

Por diversas vezes, Lourival Serejo chegou a interromper a fala dos colegas, para que se apressassem em usar a palavra apenas e unicamente para apresentação de voto.

Em ação inusitada, embora tenha dito repetidamente que não era o que estava fazendo, o presidente do Tribunal de Justiça ainda forçou, nas palavras dele próprio, “tipo assim, uma prévia” de votação apenas para conhecimento pessoal de como a proposta foi recebida pelo plenário.

Na pauta da sessão desta manhã, porém, consta a relação de desembargadores que já apresentaram voto favorável e contrário à aprovação do projeto de lei, bem como dos que manifestam-se pelo adiamento da votação definitiva.

Se aprovado em definitivo, o texto será encaminhado para a Assembleia Legislativa do Maranhão.

Soltura de Pacovan pela quarta vez desqualifica operações contra a agiotagem
Política

Apontado pela PF, Polícia Civil e Gaeco como o maior agiota do Maranhão já foi preso em 2011, 2013 e duas vezes em 2015

A nova decisão da Justiça pela soltura do agiota Josival Cavalcante da Silva, mais conhecido por políticos e empresários como Pacovan, pôs dúvidas à utilidade das operações contra a máfia da agiotagem no Maranhão, que segundo a Polícia Federal, a Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual surrupia recursos públicos da merenda escolar, medicamentos, e do aluguel de máquinas e carros nos municípios maranhenses.

No plantão judicial do último sábado 12, Pacovan foi solto pelo desembargador Jorge Rachid Mubarak Maluf, sob a alegação de que possui residência fixa, ocupação, e que o crime pelo qual ele é acusado, peculato-furto na forma tentada, não caracteriza a necessidade de manutenção de sua prisão.

Esta é a quarta vez que Josival Cavalcante da Silva é solto pela Justiça após ser preso, baseado em robustez de provas, por agiotagem.

PF desqualificada

Apontado pela PF, Polícia Civil e Gaeco como o maior agiota do Maranhão, Pacovan conheceu as grades pela primeira vez em maio de 2011, no bojo da Operação Usura, da Polícia Federal. Na época, segundo as investigações, ele havia movimento cerca de R$ 25 milhões em apenas dois anos, em organização criminosa que envolvia oito prefeitos, entre eles Raimundo Lisboa (Bacabal); Raimundo Galdino Leite, o Boca Quente (São João do Paraíso); Nilton Ferraz (Santa Luzia do Paruá); e Raimundo Sampaio, o Natim (Zé Doca). Somente da Prefeitura de São João do Paraíso, a PF encontrou o total de 91 cheques no cofre de Pacovan.

Já solto, em setembro de 2013, a Polícia Federal voltou a prender o agiota, durante a Operação Usura II, após quebra de sigilos bancários de três contas movimentadas por ele apontarem que pelo menos R$ 12 milhões das prefeituras de Bacabal e Zé Doca foram parar em uma outra conta sua. Na época, além Pacovan, a PF também levou Edna Cavalcanti, sua esposa. De oito, a lista de prefeituras operadas subiu para 20, incluindo como principais movimentadoras as de Bacabal, Cururupu, Zé Doca, Caxias e Paço do Lumiar.

Depoimentos pra cá, depoimentos pra lá, e poucos dias depois Pacovan voltou às ruas, por onde permaneceu livre até maio de 2015.

Polícia Civil e Gaeco desqualificados

Em ação conjunta da Polícia Civil do Maranhão e o Gaeco, Josival Cavalcante da Silva voltou a ser preso durante as operações Morta-Viva e Maharaja, por operações com recursos - desta vez não federais - movimentados pelos prefeitos Richard Nixon (Bacuri) e Edvan Costa (Marajá do Sena), e os ex-prefeitos Perachi Roberto de Farias Morais (Marajá do Sena) e Raimundo Nonato Sampaio (Zé Doca), além de empresários.

A lista de prefeituras envolvidas na organização criminosa subiu novamente, passando para 42 - e já deveria ter subido para 52 -, mais cheques e documentos de prefeituras e empresas foram encontrados do cofre de Pacovan, que foi solto novamente pela Justiça após poucos dias de depoimentos. Nesta operação, somente da Prefeitura de Santa Inês foram encontrados 23 cheques no cofre do agiota.

Preso outra vez em meados de novembro passado, novamente pela Polícia Civil - juntamente com outro agiota, Eduardo Barros, o Imperador; e o ex-prefeito de Bacabal, Raimundo Lisboa -, ele voltou a passar alguns dias detido para prestação de depoimento, mas já está solto de novo, por o desembargador Jorge Rachid entender que, conforme a decisão que também soltou o ex-tesoureiro da Prefeitura de São Mateus, Washington José Oliveira Costa, não houve crime algum da quadrilha pelo fato dos cheques roubados da prefeitura não terem sido sacados.