Delator e Flávio Dino falaram 19 vezes ao telefone antes de doação em 2014
Política

Delator e Flávio Dino falaram 19 vezes ao telefone antes de doação em 2014

Ao todo, houve pelo menos 22 contatos telefônicos. João de Carvalho Filho ligou com o governador minutos após ele ser declarado oficialmente como eleito

O ex-funcionário nos projetos de engenharia do Nordeste da Odebrecht, José de Carvalho Filho, delator de Flávio Dino (PCdoB) no esquema de corrupção da Lava Jato, manteve pelo menos 19 contatos telefônicos com o comunista antes da doação de R$ 200 mil feita a ele pela empreiteira, para a campanha eleitoral de 2014.

As conversas fazem parte do rol de 22 registros de ligações telefônicas entregues por José Filho aos procuradores da República que colheram seu depoimento e apresentação de indícios de crimes contra o governador do Maranhão. As outras três ligações foram efetuadas entre a noite do dia 5 de outubro de 2014, quando o comunista já era oficialmente dado como eleito; e o dia 21 de setembro 2015, quando ele exercia o primeiro ano de mandato de governador. Ligações efetuadas em 2010, quando teria ocorrido um repasse de R$ 200 mil por fora por meio do operador “TUTAR” (ou “TUTA”), não foram recuperadas em razão de impossibilidade técnica das operadoras de celular.

Obtido pelo ATUAL7, o documento revela ainda que, uma semana antes do repasse da Odebrecht para a campanha eleitoral de Dino nas eleições de 2014, pelo menos duas ligações foram feitas pelo ex-funcionário da empreiteira para o número de celular do comunista, tendo sido uma delas efetuada.

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Nessa segunda-feira 24, reportagem do ATUAL7 mostrou que o próprio governador do Maranhão acabou confirmando haver procurado a empreiteira envolvida na Lava Jato atrás de doação eleitoral. Apesar de, naquela época, a Odebrecht já estar enlameada no maior esquema de ladroagem e corrupção do país, o comunista declarou não encontrar problemas em pedir ajuda financeira a empresa, em razão da legislação vigente naquele período ainda permitir a doação de pessoas jurídicas aos candidatos.

“Era normal que os políticos procurassem empresas e empresas procurassem políticos”, confessou.

Segundo um dos documentos entregues por João Filho ao Ministério Público Federal (MPF) para corroborar com a delação premiada, a doação foi efetivada na conta do Comitê Financeiro Distrital/Estadual do PCdoB para governador, e foi feita por meio da Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO) Engenharia Ltda, subsidiária da Odebrecht.

Toda essa documentação, somada a registros das viagens feitas pelo delator ao Maranhão para se encontrar com Flávio Dino; a ficha de tramitação do PL 2.279/2007, que destaca a designação de Flávio Dino como relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC); além de matérias jornalísticas sobre a visita do comunista à Alcântara para tratar de questões de interesse da Odebrecht, estão entre o calhamaço entregue pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo autorização para solicitar abertura de inquérito contra o chefe do Executivo estadual maranhense no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde ele possui foro privilegiado por prerrogativa de função.



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