Acusada de desviar e lavar dinheiro já recebeu R$ 4,3 milhões do governo Flávio Dino
Política

Acusada de desviar e lavar dinheiro já recebeu R$ 4,3 milhões do governo Flávio Dino

Empreiteira presta serviços para a Sinfra, Caema, Secid e SES. Supostos crimes foram levantados pela STC, Fetracon e Seccor

A empresa Irês Engenharia Comércio e Representações Ltda, de João Luciano Luna Coelho, acusada de desviar e lavar dinheiro público da execução das obras de um hospital de 50 leitos no município de Rosário, já recebeu mais de R$ 4,3 milhões do governo Flávio Dino.

O dinheiro é referente a contratos celebrados e aditados com a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) e com as secretarias de Saúde, comanda pelo advogado eleitoral Carlos Lula; de Cidades e Desenvolvimento Urbano, comandada pela indicada do deputado Waldir Maranhão (PP), Flávia Alexandrina; e de Infraestrutura, comandada pelo ex-pré-candidato a prefeitura de Imperatriz, Clayton Noleto.

De acordo com o Procedimento Apuratório n.º 0109823/2015, da Secretaria de Estado de Transparência e Controle (STC) do Maranhão, e com uma pré-auditoria promovida pela Força Estadual de Transparência e Controle (Fetracon), de um contrato de R$ 4,8 milhões assinado com o ex-secretário de Saúde Ricardo Murad, a empreiteira teria consumido R$ 4,2 milhões dos cofres públicos apenas com supostos serviços de terraplanagem. O hospital deveria ter sido entregue no dia 19 de maio do ano passado, mas segundo a STC e a Fetracon, durante visita de força-tarefa ao local, foi encontrado apenas um terreno vazio, com tapumes e placa de especificação da obra.

Enquanto firmava novos contratos com a Irês Engenharia, aditava os existentes e transferia dinheiro público mensalmente para a conta da empresa, o próprio governo Dino, por meio da Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor), vinculada a Polícia Civil, abria um Inquérito Policial, de n.º 56/201, para apurar o suposto escamoteio da verba pública.

Como resultado, os delegados Ricardo Moura, Luiz Augusto Aloise Mendes e Leonardo Bastian Fagundes chegaram a pedir ao Tribunal de Justiça do Maranhão autorização para investigar os deputados oposicionistas Andrea Murad (PMDB) e Sousa Neto (PROS). No processo, a Seccor acusou a Irês Engenharia de lavagem de dinheiro, na ordem de R$ 100 mil, que teria sido feita por meio de doações de campanha pela empresa para os parlamentares.

A autorização foi negada pelo pleno do TJ-MA, por unanimidade, no dia 9 de março deste ano, por falta de competência da parte autora para o pedido. Uma ação foi enviada então ao Ministério Público do Maranhão, para que a Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), possa pedir autorização ao Poder Judiciário para abrir investigação contra Andrea e Sousa Neto.

Agiotagem

Esta não é a primeira vez que o governo Flávio Dino é flagrado em contrato com empresas acusadas pelo próprio seu governo de corrupção.

Há cerca de duas semanas, o ATUAL7 revelou que a empresa Pactor Construções e Empreendimentos Ltda, uma das empreiteiras de fachada utilizadas pelo agiota Gláucio Alencar e pelo filho da ex-prefeita de Dom Pedro, Eduardo José Barros Costa, o Eduardo DP ou Imperador, no esquema de fraude a licitações de obras públicas, mantém contratos com a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra).

Questionados durante coletiva de imprensa, o secretário de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela, e pelo titular do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio, chegaram a admitir que a Sinfra estaria na mira de investigações.

“Afirmo que qualquer crime, relacionado a pessoa física, relacionado a lavagem em relação a empresa de fachada, seja contra quem for, você pode anotar, publicar isso, e cobrar de nós amanhã (...) haverá investigação criminal”, garantiu Portela.

Procurado pela reportagem, o secretário Clayton Noleto nunca se manifestou sobre os contratos com a empresa de fachada utilizada por Gláucio Alencar e Eduardo DP, mas chegou a utilizar grupos de WhatsApp e blogs, horas depois, para estrebuchar e ameaçar processar quem divulgasse a informação.



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