Corte dos 21,7%: Flávio Dino dá “salto triplo carpado hermenêutico” e culpa Roseana
Política

Corte dos 21,7%: Flávio Dino dá “salto triplo carpado hermenêutico” e culpa Roseana

Comunista acusou servidores de estarem faltando com a verdade e afirmou que concedeu aumento de mais de R$ 450 milhões ao funcionalismo

O governador Flávio Dino (PCdoB) usou de malabarismo verbal e jurídico ao tentar defender-se, pela segunda vez, da enxurrada de críticas que vem recebendo dos servidores públicos estaduais após lobby pessoal no Tribunal de Justiça do Maranhão resultar no corte de 21,7% no vencimento base do funcionalismo, isto é, a retirada de 1/5 dos salários dos servidores. Antes ele já havia dito em entrevista que um tweet postado no sábado 5 era um diálogo que estava estabelecendo com os servidores sobre o golpe.

A ex e o atual governador do Maranhão; entre atos de corrupção e de traição, governo do segundo é a continuação do primeiro
TV Mirante Reflexo A ex e o atual governador do Maranhão; entre atos de corrupção e de traição, governo do segundo é a continuação do primeiro

Na nova defesa, por meio de nota, Dino deu um "salto triplo carpado hermenêutico" para se esquivar da punhalada em seus eleitores e chutou o balde da macumba no colo da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), lembrando que a ação rescisória referente à revisão salarial dos servidores foi proposta pelo governo passado, e afirmando que o seu governo teria apenas defendido o "interesse público".

"A ação rescisória referente à revisão salarial dos servidores do Poder Judiciário foi proposta pelo governo passado em agosto de 2014, cabendo à Procuradoria Geral do Estado, desde então, defender o interesse público", diz o início da nota.

Em outro trecho, apesar de estar sendo massacrado nas redes sociais por quem foi e por quem não foi prejudicado com a retirada dos 21,7% no contracheque, o comunista acusa os participantes do protesto de estarem faltando com a verdade, alegando ainda que não houve diminuição no salário do funcionalismo público estadual, mas a concessão de "mais de R$ 450 milhões em aumento nos salários de várias classes de servidores".

Para quem não se recorda, a expressão "salto triplo carpado hemenêutico" foi utilizada em meio ao julgamento da Lei do Ficha Limpa, quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, argumentava sobre a possibilidade de uma outra dúvida sobre a constitucionalidade da matéria. Foi quando o ministro Carlos Ayres Britto apareceu com esta: "O senhor está dando um salto triplo carpado hemenêutico".

Saltos triplos são perigosos; carpados, mais ainda. Mas quando são feitos sobre a hermenêutica (interpretação) da lei e da consciência da população só servem para atrapalhar. Evidentemente, o "salto triplo carpado hermenêutico" de Flávio Dino, ao insistir que ações negativas de seu governo é culpa da peemedebista Roseana Sarney, tem se tornado cada vez mais uma invenção perigosa que, inegavelmente, deve ter respostas nas eleições de 2016 e, consequentemente, nas de 2018.

Parabéns, Jerry

Também em nota, o presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça (Sindjus) do Maranhão, Aníbal Lins, manifestou-se sobre o que chamou de coragem do secretário de Articulação Política e Assuntos Federativos, Márcio Jerry Barroso, por admitir nas redes sociais que "as ações do governo Flávio Dino são, meramente, atos contínuos do governo Roseana Sarney".

Ainda na resposta ao chefe do Palácio dos Leões, Aníbal reconheceu que a Ação Rescisória dos 21,7% dos servidores do Judiciário é resultado de um "intento maligno" perpetrado pela filha de Sarney, mas lamentou o fato de ter sido Dino o verdadeiro algoz da ação, conforme também já alertou o servidor público federal Saulo Arcangeli, pois o comunista não acolheu o pedido das Centrais Sindicais para que desistisse" do "intento maligno".

Abaixo, a nota emitida pelo presidente do Sindjus-MA:

Nota do Sindjus-MA

O SINDICATO DOS SERVIDORES DA JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO – SINDJUS/MA, a respeito da NOTA OFICIAL do Governo Flavio Dino, publicada ontem, quinta-feira, nas redes sociais pelo Secretário de Articulação Política Márcio Jerry, a vem a público prestar os seguintes esclarecimentos:

1 – Parabenizar o referido secretário pela coragem de assumir que as ações do Governo Flavio Dino são, meramente, atos contínuos do Governo Roseana Sarney;

2 – Lamentar a atitude do Governo Flavio Dino de mascarar a verdadeira consequência do julgamento da Ação Rescisória dos 21,7% dos servidores do Judiciário, que é a redução dos atuais salários da categoria em 1/5 do seu valor, com implicações sociais devastadoras em milhares de lares maranhenses, por vontade única e exclusiva do atual governo, que não acolheu o pedido das Centrais Sindicais (UGT, NOVA CENTRAL, CONLUTAS, CUT, CTB, CSB e FORÇA SINDICAL) para que desistisse desse intento maligno perpetrado pela ex-Governadora Roseana Sarney, que se sentia dona do Maranhão e acima do bem e do mal;

3 – Lembrar que a incorporação do índice de 21,7% aos vencimentos dos servidores do Tribunal de Justiça é decorrente de uma denúncia criminal ao Ministério Público formulado pelo SINDJUS-MA contra a ex-governadora Roseana Sarney por desacato ao cumprimento de uma decisão judicial transitada em julgado no SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF, concomitante a uma greve geral que apaixonou e mobilizou milhares de trabalhadores do serviço público maranhense, que foram às ruas lutar por seus direitos. 4 – Reafirmar o compromisso inarredável do SINDJUS-MA de continuar na luta pelos direitos conquistados pela família do Judiciário maranhense, contra as barbaridades e desatinos de qualquer governo de plantão.

São Luís (MA), 11 de Setembro de 2015.

ANIBAL DA SILVA LINS
Presidente do SINDJUS-MA



Comentários 2

  1. Sergio

    Esse governador que ai está, que todos meus familiares voltaram nele, é o autor da PEC 190/07, onde lutava, antes de ser eleito, claro, pela equiparação dos salario do judiciário estadual com a justiça federal.
    Quero vê alguém aqui defendê-lo, se é que tem defesa!
    Esse ai nunca mas vê voto meu e de meus familiares, é a única certeza que tenho.

Comente esta reportagem