Empresa acusada de desviar verba de hospital em Rosário ganha contratos com governo Dino
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Empresa acusada de desviar verba de hospital em Rosário ganha contratos com governo Dino

Ires Engenharia vai levar R$ 23,5 milhões da Sinfra para melhorar e pavimentar a MA-006. Contrato foi assinado no início de abril

O governador Flávio Dino, do PCdoB, precisa decidir que rumo pretende dar ao Maranhão. Além de passar boa parte do horário de trabalho nas redes sociais, bloqueando seguidores descontentes e acusando a tudo e a todos de roubalheiras e recebimentos de "mensalinhos", o comunista vem celebrando novos contratos com empresas acusadas por ele mesmo de terem sido usadas como canal de desvio de dinheiro público pelo governo anterior.

No Maranhão, governador que vai para as redes sociais acusar empresa de corrupção é o mesmo que contrata a mesma empresa por mais de R$ 23,5 milhões
Flávio Dino/Facebook Sem moral No Maranhão, governador que vai para as redes sociais acusar empresa de corrupção é o mesmo que contrata a mesma empresa por mais de R$ 23,5 milhões

Levantamento feito pelo Atual7 no Diário Oficial do Estado constatou que, de janeiro a junho de 2015, com seis meses completos de governo, Dino já acusou de corrupção e mesmo assim recontratou pelo menos 18 empresas, boa parte com dispensa de licitação.

Uma dessas empresas é a Ires Engenharia Comércio e Representação Eireli, localizada em São Luís, no bairro do Areinha, e que tem como proprietário o empresário João Luciano Luna Coelho.

De acordo com informações da Força Estadual de Transparência e Controle (Fetracon), órgão criado por Dino para auxiliar nas auditorias em obras públicas pela Secretaria de Estado de Transparência e Controle, a empreiteira teria sido utilizada pelo ex-secretário de Saúde, Ricardo Murad, para desviar o total de R$ 4,2 milhões dos cofres públicos, por meio de um hospital fantasma de 50 leitos que deveria ter sido construído no município de Rosário.

Os serviços, diz a Fetracon, “não foram executados e foram constatados indícios de diversos crimes e atos de improbidade, como licitação dirigida, pagamentos irregulares e superfaturamento". A entrega do hospital estava prevista para 19 de maio deste ano. Mas no local, segundo o governo, existe apenas um terreno vazio, com tapumes e placa de especificações da obra.

Ainda assim, apesar dos "indícios de diversos crimes e atos de improbidade", a Ires Engenharia já garfou pelo menos um gordo contrato com o próprio governo que a acusa de participar de esquemas de corrupção, e ainda aditivou outros cinco.

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Assinado no dia 9 de abril com a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), o contrato com a empresa acusada por Flávio Dino de ter sido beneficiada por Murad com "licitação dirigida" tem o valor exorbitante de R$ 23.520.331,05 (vinte e três milhões, quinhentos e vinte mil, trezentos e trinta e um reais e cinco centavos), para melhoramento e pavimentação da Rodovia Estadual MA-006. Com vigência de 24 meses, o contrato estranhamente tem um prazo menor para a execução da obra, que é de apenas 18 meses. A Sinfra é comandada pelo poste Clayton Noleto.

Camarada, o governo Dino ainda aditivou os outros cinco contratos com a Ires Engenharia, prorrogando o prazo para que a empresa termine a execução de obras pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) e da própria SES, estes últimos de adequação e ampliação dos hospitais de Balsas e Chapadinha, em virtude das paralisações decorrentes de intenso período chuvoso e da necessidade de readequação do projeto original.

Na época da campanha eleitoral, porém, o atraso na conclusão das obras era chamado de atraso mesmo, de abandono, de elefante branco.

Murad nega irregularidades

Além da incontestável contradição  do governador Flávio Dino em acusar uma empresa de corrupção e ao mesmo tempo contratá-la por uma super bolada milionária, o ex-secretário Ricardo Murad negou as acusações de que teria embolsado R$ 4,2 milhões da construção de um hospital em Rosário, e explicou como e com o quê foi gasto todo o dinheiro.

Na nota, Murad ainda acusa Dino de manipular informações e de ter abandonado a obra desde que assumiu o comando do Palácio dos Leões. "A obra está abandonada desde janeiro de 2015, com mato já crescendo sobre os aterros executados, por isso as fotos divulgadas pelo governo não mostra a terraplenagem já feita", diz em um dos trechos.

“Sem maiores elementos tenho pouco a dizer a não ser que o programa é atestado pela gerenciadora do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) que detém o poder de autorizar o pagamento das faturas apresentados pelas empresas. Essa situação não tem condições de acontecer”, completa.



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