Dino vai pagar R$ 63,5 milhões a suspeita de fraudar licitações em dragagem de portos
Política

Dino vai pagar R$ 63,5 milhões a suspeita de fraudar licitações em dragagem de portos

Jan de Nul é investigada por suposta formação de cartel que consumiu R$ 400 milhões dos cofres públicos

O governador Flávio Dino pretende pagar exatos R$ 63.264.496,78 para uma empresa investigada pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, por suspeita de fraudar licitações para executar serviços de dragagem portuária nos portos de Santos (SP) e Rio Grande (RS), em 2009.

Trecho do processo administrativo que apura a participação da Jan de Nul na maracutaia
SDE Draga$ Trecho do processo administrativo que apura a participação da Jan de Nul na maracutaia

Trata-se da Jan de Nul do Brasil Dragagem e Engenharia Ltda, integrante do grupo econômico Jan de Nul, encabeçado pela Sofrida S.A., sociedade empresarial de nacionalidade luxemburguesa, e contratada nos últimos meses do governo Roseana Sarney pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), e mantida pelo governo comunista para realizar serviços de dragagem de aprofundamento do Porto do Itaqui.

Vencedora da Concorrência nº 002/2014 da Emap, a Jan de Nul é acusada pela Secretaria Especial de Portos da Presidência da República (SEP/PR) de suposta formação de cartel "para fraudar o caráter competitivo" de licitações públicas de serviços de dragagem.

Na avaliação da secretaria antitruste, a empresa que fará os serviços de dragagem no Porto do Itaqui agiu em "conluio" com outras 14 empresas, apresentando valores e padrões destoantes do previsto nos editais para que apenas uma delas, que divulgava proposta com "desconto ínfimo" em relação ao valor estimado para a contratação, saísse vitoriosa.

A maracutaia movimentou R$ 400 milhões.

Certame com falhas

Durante procedimento licitatório realizado pela Emap, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Maranhão chegou a encontrar falhas no processo, e decidiu pela sustação cautelar da concorrência vencida pela Jan de Nul, e pela abertura de processo administrativo para apurar irregularidades no edital. O parecer foi acompanhado pelo Ministério Público de Contas.

Outro fato curioso que chama atenção no contrato firmado no governo Roseana Sarney e continuado pelo governo Dino é que, apesar do contrato original com o Governo do Maranhão, assinado pelo ex-diretor-presidente da Emap, Luiz Carlos Fossati, prever a execução de serviços de aprofundamento das áreas de atração dos berços 100 a 104 e o alargamento de 50 metros da bacia de evolução no sentido do paralelo das boias 1 e 3, o novo diretor-geral da administração portuária, Ted Lago, divulgou oficialmente que os serviços serão executados apenas até o berço 103.

O Atual7 entrou em contato com a Emap por meio de um formulário de contato e de um e-mail disponível no site da empresa para contatos com a Assessoria de Comunicação, a fim de apurar a data da assinatura de ordem de serviço com a Jan de Nul e o motivo da página de contratos vigentes ter sido excluída, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.



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